sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Maria La Principessa

A Maria nasceu no dia 12 de Dezembro às 10h30 da manhã, em Roma, como previsto.
É uma princesa.
Nasceu com 3,170 Kg e 47 cm. Não tinha nenhum dos sintomas típicos do CMV à nascença. Durante os dias que se seguiram ao nascimento fizeram-lhe os testes aos ouvidos e aos olhos que deram resultados normais. A ecografia transfontanelar revelou um pequeno cisto que, segundo os médicos, é razoavelmente comum nos recém nascidos, é de esperar que regrida (já regrediu de 2,7mm para 2,4mm) e não está necessariamente relacionado com cmv nem com paralisia cerebral.
A Maria vê e ouve (na medida de um recém-nascido, claro) e tem os reflexos normais de um bebé de 10 dias. Mama muito bem, e dorme tranquilamente também.
Sabemos, no entanto, que nada está garantido. Sabemos que o cmv pode causar sequelas que só aparecem tardiamente como a surdez progressiva, por exemplo. A paralisia cerebral também não me parece que possa ser excluída antes de se ver como é que ela evolui em termos motores.
Mas agora, mais do que nunca, estou infinitamente feliz. Ela é linda e perfeita assim exactamente como ela é. É evidente que temos esperanças de que ela, de facto, não venha a sofrer qualquer consequência do cmv, mas sobretudo sei que o nosso amor por ela é completamente incondicional.
Foi uma gravidez muito difícil, mas ensinou-nos a ver tudo em perspectiva. E portanto hoje somos a família mais feliz do Mundo.
Descobrimos também que estamos rodeados de família e amigos que verdadeiramente gostam de nós, de tal maneira sentimos a preocupação e a genuína felicidade de toda a gente.
Obrigada também a todos estes novos amigos da blogosfera que não conheço pessoalmente mas que tanto apoio me deram nestas últimas semanas de gravidez. Vou continuar a escrever e a dar novidades. Espero que continuem a visitar-nos.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Romana?

Acho que a nossa filha vai ser romana.
Acima de tudo, tem que nascer com estilo.
Temos sido sempre bem acompanhados no Hospital de Gaia, como, aliás, já disse aqui. Toda a equipa de obstetrícia tem sido fantástica. Hoje falámos com um médico de neonatologia e não ficámos muito descansados. Temos estado sempre em contacto com o Prof. Nigro de Roma que é um Pediatra especialista em infecção congénita por CMV e co-autor do tal estudo da hiperimunoglobulina. Ele tem muita experiência no tratamento neonatal de crianças infectadas com CMV. Já lhe passaram centenas de casos pela mão, enquanto que aqui não nos parece que tenham a mesma experiência. Além disso não nos garantiram que fariam à nascença todos os exames que o Prof. Yves Ville nos disse serem necessários (recolha e análise de sangue do cordão, ecografia transfontanelar, exame auditivo, exame oftalmológico e possível recolha de medula consoante resultados das análises de sangue). Ouvimos isto: "Não pense que quando a sua filha nascer vêm logo a correr um otorrino, um oftalmologista e um neurologista para lhe fazer exames!" Por acaso, pensava. Portanto acho que está tudo dito.
O Prof. Nigro, em Roma, tem-se mostrado muito disponível para que tenhamos a bebé lá. É muito inconveniente para nós por razões práticas: O Pedrinho tem que ficar cá entregue à avó, não sabemos quanto tempo teremos que lá ficar, provavelmente passamos lá o Natal, podemos ter problemas a viajar de avião neste estado tão avançado de gravidez e sobretudo teremos problemas para trazer uma bebé recém-nascida ainda por registar. Registá-la lá vai ser um problema uma vez que o Hospital é a 120 Km de Roma e não estou a ver que haja consulado ou embaixada portuguesa onde possamos fazer o registo. Mas tudo isto, por mais complicado que seja, são apenas detalhes quando se trata da saúde dela. Por isso mesmo estamos quase certos que ela nascerá lá. Vamos só ultimar detalhes com o Prof. Nigro para que não haja surpresas.
Hoje, no Hospital, pedimos para medirem a cabeça com o maior detalhe. O médico mediu e voltou a medir e concluiu que todas as medidas dela estavam absolutamente normais para a idade gestacional. Eu, como sou tendenciosa, acho que ele deve ter medido muito bem. Dá-me mais jeito assim...
A má notícia foi que percebemos hoje, pela primeira vez, que o Gancyclovir (medicamento utilizado para o tratamento neonatal de recém nascidos afectados) tem efeitos secundários de natureza cancerígena. Será possível que isto ainda fique pior?? Não é mau o suficiente assim?? Seremos nós obrigados a optar por não tratar e perder a oportunidade de reverter alguma sequela ou então assinar o termo de responsabilidade para que lhe seja administrada a droga que um dia mais tarde lhe pode causar leucemia ou qualquer coisa do género?
Este pesadelo não acaba.
Só nos resta rezar com toda a força do mundo que ela venha tão bem tão bem que não precise sequer de uma gota do gancyclovir.